A HISTÓRIA DA PEDRA, 2021
No dia em que essa pedra foi atirada
Quem a atirou imaginava
Que ela iria voar como toda pedra
Então, com determinação, numa reta apontou
Mas a pedra…
A pedra não caia.
Ela continuava
E ela continuava
E ela continuava voando
Bem alto
Até que se peguntaram:
Pra onde foi a pedra?
Por que não a ouvimos cair?
Então, decidiram perguntar para os mais velhos
O que acontecia com a pedra que nunca caia
E continuava, e continuava, e continuava no ar?
Foi então que eles lhe disseram:
Se a pedra não caiu, é porque ela ainda vai voltar
Se a pedra ainda não caiu, ela está dando sua volta
Para o mesmo lugar
Se ainda não se ouviu a sua queda
É porque em algum momento, o mesmo ponto de partida
É o o ponto de chegada
E nesse momento
Não haverá mais pedra
Não haverá mais som
Não haverá mais luz
Haverá queda.
Imaginando mundos em que o tempo se faz circular, traço uma história sobre uma pedra que é lançada e não cai mais no chão. Essa história é contada por imagem e voz em diferentes versões desse trabalho, inicialmente produzido para o festival Poty Mapping. A proposta do Poty Mapping é de resgate da consciência indígena no Rio Grande do Norte, estado do Brasil com menos terras indígenas demarcadas, porém com uma população, história, cultura e território extremamente marcados por essa origem e suas continuidades. Na ocasião, as projeções foram feitas sobre a oca gigante do Gamboa do Jaguaribe, local de preservação na capital potiguar, Natal.